Embora o clima e a geografia do estado do Rio de Janeiro sejam propícios à proliferação do mosquito da dengue, os especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil acreditam que o governo do estado e as prefeituras aumentam o problema ao não investir em saneamento básico e em campanhas de conscientização. Para eles, isso faz com que a população não combata adequadamente os focos do Aedes aegypti.
Ainda de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, se já foram registrados 107.168 casos em 2013, no mesmo período de 2012 havia 77.414 - um aumento de 38,4% em relação ao ano anterior. No entanto, houve 20 mortes neste período de 2012.
Para o pesquisador Rafael Freitas, ematologista do Instituto Oswaldo Cruz, os problemas de saneamento básico em todo o estado do Rio agravam bastante o impacto da dengue sobre a população. Segundo o Atlas do Saneamento do IBGE, mais de 15% do estado do Rio não tem cobertura de água:
"Em comunidades carentes e nos subúrbios há dificuldade no abastecimento de água, que não acontece 24h por dia. Por isso, a população é obrigada a armazená-la em baldes ou tonéis. Esses recipientes na maioria das vezes não são tampados adequadamente e tornam-se grandes focos para o mosquito. Essa é uma realidade ainda mais grave na Baixada Fluminense e no interior do estado. Investimentos em infraestrutura e saneamento certamente diminuiriam o número de focos do Aedes aeypti e, consequentemente, a quantidade de casos de dengue e também as mortes pela doença", analisa.
Calcanhar de Aquiles
Já o agrônomo Rogerio Catharino, diretor administrativo da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas (ABCVP), elege a falta de campanhas de conscientização da população como grande calcanhar de Aquiles das políticas públicas de combate à dengue no estado do Rio de Janeiro. Segundo ele, falta criatividade e dedicação das prefeituras e do governo do estado em relação ao assunto:
A Secretaria do Estado de Saúde afirma que a responsabilidade nesse tipo de trabalho é compartilhada com os governos municipais, mas informa que faz diversas campanhas informativas para a população e para os médicos que atendem a rede pública de saúde. Destaca a ação "10 Minutos Contra a Dengue", na qual a população é convencida a dispor de 10 minutos por semana para acabar com focos de dengue em suas residências, tempo considerado suficiente pelos pesquisadores da área. Também cita a criação do "Monitora Dengue", no qual agentes de saúde, através de smartphones, comunicam em tempo real a existência de focos do mosquito nas localidades onde atuam. No total, foram investidos R$ 5,5 milhões em todos os programas de prevenção em âmbito estadual.
Jornal do Brasil
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