Com o racionamento d'água no Recife crescerá o número de focos do mosquito transmissor da dengue

13 abril, 2013


Racionamento d'água deve ficar ainda mais severo



Tapacurá, principal barragem do Grande Recife, tem hoje menos da metade da capacidade que pode armazenar de água / Igo Bione/JC Imagem

Tapacurá, principal barragem do Grande Recife, tem hoje 

menos da metade da capacidade que pode armazenar de água

Igo Bione/JC Imagem

Enquanto o governador Eduardo Campos anunciava ontem (12) um pacote de medidas para reduzir os danos causados pela seca no Sertão do Estado, o Grande Recife também pedia socorro. A escassez de chuvas tem sido uma dor de cabeça que não se resume ao sertanejo. Desde que o racionamento de água foi anunciado, em 28 de fevereiro, o volume caiu em seis das nove barragens da Região Metropolitana, incluindo as duas principais, Pirapama e Tapacurá. Para complicar a situação, a média histórica de chuvas na capital em abril é de 338 milímetros, mas, passada quase metade do mês, só choveu 12 milímetros, um índice considerado preocupante. Diante da gravidade do quadro, a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) admite que o rodízio deve piorar.
O diretor regional metropolitano da Compesa, Rômulo Aurélio, afirmou que haverá uma reunião de diretoria na segunda-feira para discutir o problema, mas adiantou que a solução mais provável é que as horas sem água sejam ampliadas. “A gente esperava que as chuvas já tivessem se iniciado e não esperava que o nível em Pirapama tivesse reduzido tanto. Estamos levando a proposta de uma redução ainda maior na vazão, o que gera um impacto no número de horas intermitentes”, disse. “Mas nossa ideia é preservar as zonas especiais, de morro. A mudança deve ocorrer nas zonas planas”, acrescentou.
O meteorologista Daniel Anastacio, da Sala de Situação da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), pondera que, se a realidade não é alentadora, as perspectivas também desanimam. A previsão é que o panorama se mantenha pelos próximos três meses. “O começo do inverno tem sido muito fraco, sobretudo se comparado à média histórica”, afirma.
A expectativa é que as chuvas cheguem num ritmo maior apenas no final do inverno, entre junho e julho. “O que a gente nunca pode descartar é que haja eventos extremos no Grande Recife e na Zona da Mata, que de um para o outro chova 100 milímetros. Isso ajudaria a recuperar o cenário das barragens”, observa Anastacio.
Pirapama, no Cabo, o reservatório que mais contribui para o fornecimento de água da RMR, estava com 19,4% de sua capacidade um dia antes de o rodízio ter início. Mesmo com o racionamento, a ausência de chuvas fez seu volume cair ainda mais: ontem, um mês e meio depois, o nível era de 15%, de acordo com o último boletim do monitoramento dos reservatórios, divulgado ontem pela Apac. A Compesa tirava 3,5 mil litros de água por segundo de Pirapama antes do revezamento. Hoje, retira 2,5 mil. O manancial pode reter mais de 60 milhões de metros cúbicos de água.
Em Tapacurá, São Lourenço da Mata, o maior reservatório do Grande Recife, com capacidade de 94 milhões de metros cúbicos, também foi registrada queda no período: de 51,5% para 47,3%. As outras barragens da RMR onde houve queda foram Goitá e Várzea do Una (São Lourenço), Botafogo (Igarassu) e Duas Unas (Jaboatão).
O secretário de Recursos Hídricos e Energéticos de Pernambuco, Almir Cirilo, atribui o cenário difícil nos mananciais à estiagem que há dois anos castiga o Estado e que fez o governo optar pelo racionamento de água, estabelecido por um período inicial de 90 dias, sujeito a reavaliação, em 74 dos 94 bairros do Recife, sob um esquema de 20 horas com água e 28 horas sem o produto. A demanda local é de 15 mil litros de água por segundo, patamar alcançado em 2010, com a inauguração do sistema de Pirapama. A oferta, antes, era de 10 mil litros por segundo – e voltou a ser durante os três meses de rodízio.


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