Novo grupo de inseticidas pode ajudar no combate à dengue

17 dezembro, 2013

Recentes pesquisas realizadas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, mostram que um grupo de inseticidas utilizado no controle de pragas agrícolas pode também ajudar no combate ao pernilongo transmissor da dengue (Aedes aegypti).


Trata-se de uma piridina cujo nome químico é a pimetrozina, que age sobre o aparelho
 bucal de insetos sugadores como os pulgões, cigarrinhas e tripés.
Segundo o coordenador dos estudos, Octávio Nakano, professor sênior do Departamento
 de Entomologia e Acarologia (LEA), o produto possui atividade sistêmica de longo 
prazo, atuando por mais de dez dias em circulação na seiva das plantas.
Além do efeito por ingestão, Nakano destaca que o inseticida possui efeito de contato 
e aumenta a sua capacidade tóxica para os insetos quando na forma de fumigação, 
se formulado de forma a oferecer essa propriedade. "Notamos que a pimetrozina 
demonstrou maior eficiência na medida em que eleva a temperatura, condição que facilita
 a proliferação dos insetos como os pernilongos", comenta.
De acordo com Nakano, o produto é recomendado até o presente momento apenas para
 insetos que sugam vegetais. "Seu mecanismo de ação é sobre o sistema nervoso,
 basicamente sobre os nervos da musculatura que atuam no mecanismo da salivação".
 Porém, os estudos conduzidos pelo docente mostraram que o produto atua também 
sobre larvas de mosquitos que vivem na água. "Elas morrem alguns dias depois de
 expostas,
 ou seja, trata-se de um modo mais prático também para receberem o elemento tóxico 
via respiração, outra característica deste grupo."
A aplicação da pimetrozina na forma de termonebulização sobre os adultos, uma das vias
 mais sensíveis que é a respiratória, vem mostrando que na dosagem de 0,3 gramas
 do ativo/litro de óleo nebulizável mata os mesmos dentro de 12 horas. "O interessante é
 que após a sua contaminação com o inseticida, as fêmeas não conseguem mais
 introduzir seus estiletes na pele humana , o que as impedem de sugarem o sangue e
 inocularem a saliva, as vezes contaminada pelo virus causador da dengue", reforça 
Nakano.
Segundo o professor do LEA, testes realizados com fêmeas contaminadas com o
 tóxico comprovaram que elas tentaram por cerca de 50 minutos introduzirem seus 
estiletes na pele sem êxito, morrendo após esse período aparentemente por exaustão
 e também pelo efeito do produto.
"Essa pesquisa pode abrir novos caminhos não somente contribuindo com a eliminação
 da dengue, como também outras moléstias transmitidas por insetos, inclusive a nível
 global. A observação de que a pimetrozina pode afetar os mosquitos abre também
 caminho para sua avaliação sobre outros tipos de dípteros como as moscas sugadoras
 de sangue tipo a mosca do chifre, do estábulo e outros tipos sugadores de sangue",
 finaliza Nakano.

Por Caio Albuquerque, da Esalq em Piracicaba

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Dengue será ameaça a turistas na Copa?

11 dezembro, 2013


Um especialista da Universidade de Oxford chamou a atenção para as chances de ocorrência de surtos de dengue durante a Copa do Mundo e colocou três cidades do Nordeste sob alerta: Fortaleza, Salvador e Natal. Em uma coluna na revista científica Nature, o pesquisador britânico Simon Hay defende que o Brasil deveria fazer campanhas de alerta aos turistas sobre os riscos da doença e aumentar as medidas de controle.




O alerta foi publicado na mesma semana em que novos dados divulgados pelo governo revelaram que o número de mortes por dengue no Brasil praticamente dobrou --- de 292 em 2012, para 573 entre janeiro e outubro deste ano (96% a mais). Os casos graves também tiveram elevação, de 3.957 para 6.566 (um aumento de 65% em relação ao ano passado). Em 2010 foram registradas 638 mortes e 16.758 casos graves.

De 1.315 cidades avaliadas, 682 (51%) não estão em nível satisfatório de contenção do mosquito Aedes aegypti (transmissor do vírus da dengue). Do total, 157 estão em situação de risco e 525 em alerta.

Em resposta ao artigo da Nature, o Ministério da Saúde disse à BBC Brasil que "em junho e julho, meses em que serão realizados os jogos da Copa do Mundo 2014, as taxas de incidência da doença mostram baixa transmissão na região Nordeste, não havendo evidências de que, durante a realização dos jogos, possam ocorrer epidemias de dengue nas cidades-sede".

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, disse durante a semana que o país "nunca teve epidemia em junho e julho" e que as medidas de combate à dengue são permanentes. Ele também chegou a afirmar que o "pesquisador não deve conhecer bem dengue e no Reino Unido pode não haver muita gente com a experiência que adquirimos no Brasil".

Polêmica

É justamente esta informação que o artigo destaca, que enquanto no Sul e no Sudeste os meses de junho e julho são épocas de seca, no Nordeste o clima é outro, tratando-se de um período de chuvas, o que poderia favorecer a proliferação do mosquito.

"O professor Simon Hay é um nome muito respeitado em todo o mundo no estudo da dengue. De fato, a curva de chuvas no Nordeste é diferente do resto do país, e os jogos da Copa do Mundo vão coincidir com esse período. Acho que serve como alerta e cabe agora a essas três cidades intensificar as ações de prevenção", diz Rafael Freitas, pesquisador especialista em dengue da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro.

Freitas acredita que além de comunicar turistas, tanto brasileiros quanto estrangeiros, o governo deveria investir tempo e recursos para conscientizar a população local, com antecedência, já que a eliminação de pontos de água parada ainda é a forma mais eficaz de combate à transmissão do vírus.

"Poderíamos investir mais mesmo no controle do mosquito. Mesmo que ele (Simon Hay, autor do artigo publicado na Nature) estivesse errado, não perderíamos nada. Precaução não faz mal a ninguém".

Oliver Brady, do Departamento de Zoologia da Universidade de Oxford, que participou, juntamente com Simon Hay, de um estudo --- também publicado na Nature --- sobre riscos da dengue no mundo a partir de um mapeamento dos casos da doença em 2010, disse à BBC Brasil que o nível de transmissão no Sul e Sudeste será baixo, mas que em Fortaleza, Natal e Salvador estará no pico.

"Mas nós também precisamos destacar que trabalhamos com médias anuais. Prever a situação real da dengue em junho e julho é como prever o tempo, e mudanças sutis em padrões sazonais meteorológicos podem colocar algumas cidades sob risco maior ou menor", explica.
Perspectiva e medidas
Embora seja um assunto familiar no Brasil e em quase cem outros países onde há incidência da doença (em outros climas tropicais na América Latina, África e Sudeste Asiático), a dengue é pouco conhecida entre turistas estrangeiros, principalmente europeus e norte-americanos.
"Isto significa que a Fifa, as autoridades brasileiras e os patrocinadores da Copa do Mundo precisam usar sua influência e experiência para informar sobre os riscos e as medidas de proteção que os torcedores deveriam tomar", diz Simon Hay no artigo da Nature.
Para ele, entre elas estão: optar por acomodação com mosquiteiros, telas e ar-condicionado; aplicar inseticidas nos quartos; usar calças e camisas de manga comprida (sobretudo de manhã cedo e no fim da tarde, quando a chance de ser picado pelo mosquito é maior); e aplicar repelente sobre as roupas e a pele.
Já nas cidades, o britânico defende o combate agressivo ao mosquito nos meses e semanas anteriores ao Mundial, por meio da eliminação de pontos de água parada e aplicação de inseticidas específicos das áreas em torno dos estádios, conhecidos no Brasil como "fumacê".
O Ministério da Saúde informou à BBC Brasil que não só manterá o programa permanente de combate à doença como, a exemplo do que já ocorreu durante a Copa das Confederações, implementará ações específicas nas cidades-sede.
Segundo o governo, a estratégia visará "à eliminação de criadouros do vetor [mosquito] com ênfase nos estádios/arenas, Fan Fests (os telões em áreas abertas com exibição ao vivo dos jogos), exibições públicas, centros de treinamento, rede hoteleira, aeroportos e seus entornos. Em locais de grande circulação de viajantes nacionais e internacionais (hotéis, rodoviárias, portos, aeroportos), haverá intensificação de ações de comunicação e prevenção, bem como referências para atendimento médico. Além disso, há processos contínuos de capacitação para garantir um atendimento de qualidade aos pacientes com dengue".

Verbas, Rio e alarmismo

Tal qual o número de mortes, os investimentos do Ministério da Saúdeno combate à dengue também dobraram em relação ao ano passado. O órgão anunciou a liberação de R$ 363,3 milhões (contra R$ 173,3 milhões em 2012).

Deste montante, seis Estados em situação mais preocupante receberão as maiores verbas: São Paulo (R$ 49,1 milhões), Minas Gerais (R$ 40,9 milhões), Rio de Janeiro (R$ 32,2 milhões), Bahia (R$ 29,3 milhões), Pará (R$ 24,8 milhões) e Maranhão (R$ 20,4 milhões).

Apesar de apresentar a menor infestação do mosquito da dengue dos últimos oito anos, a cidade do Rio de Janeiro ainda está sob "alto risco", ao lado de outros dez municípios do Estado.

Para Alexandre Chieppe, superintendente de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, é "óbvio que o Brasil tem problemas com a dengue, e o Rio também tem características climáticas que favorecem a proliferação da doença". Mas ele ressalta que "não há motivos para preocupação no ano que vem", e argumenta que a capital fluminense está habituada a receber turistas e se preparar para isso.

"Não é a primeira vez que o Rio recebe eventos de grande porte. Temos o réveillon, carnaval, tivemos a Jornada Mundial da Juventude, com quase 2 milhões de pessoas. Estamos em reuniões com o COL [Comitê Organizador Local] há três anos. Temos aqui um protocolo de notificação imediata, assim que um paciente abre quadro de febre, monitora-se e informa-se toda a rede para casos de malária, dengue, febre amarela", diz.

"Vamos distribuir panfletos e há um plano específico, operativo de Copa, quanto a estoques de insumos e controle do vetor. Esse alarmismo não leva a nada. Temos programas bem estruturados", afirma, em relação ao artigo publicado na revista Nature.

Os organizadores do estudo dizem que não querem convencer ninguém a deixar de ir à Copa, e admitem que o sistema de saúde brasileiro tem uma "forte capacidade de vigilância de doenças".

"O Brasil está numa posição forte de liderança internacional da ação contra a dengue. Trazer este assunto à tona, no contexto da Copa do Mundo, apresenta uma boa oportunidade de fazer um chamado para uma resposta mais internacional à esta doença tropical global em ascensão", diz Oliver Brady, da Universidade de Oxford.

FONTE

BBC Brasil
Jefferson Puff
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Gerente do Programa de Saúde Ambiental em Recife promove palestra sobre DENGUE em 2014.

10 dezembro, 2013

                    Números do Ministério da Saúde mostram que o pico de infecções ocorre do fim do verão ao início de junho, quando as notificações de casos começam a baixar. Mas eles não desaparecem. Foi pensando em aproveitar o momento de calmaria que se idealizou o encontro entre a gestão e os agentes do Distrito Sanitário IV.  



“Este evento não é uma capacitação visto que vocês já são capacitados no que fazem, mas uma atualização de nossas atividades visando fortalecer ações de enfrentamento à DENGUE  devido a grande probabilidade de surto em 2014, ano da copa e consequentemente a vinda de turistas potencializa este problema”

Com essas palavras o Sr. Jurandir, Gerente do Programa de Saúde Ambiental (PSA),  deu inicio a palestra durante o dia 09/12/13 onde foi possível tirar algumas dúvidas e obter informações de melhorias que a gestão pretende implementar. A intersetorialidade, importância da informação coletada através dos boletins, difícil acesso, ponto estratégico, causalidade da dengue hemorrágica, uso do BTI..., entre outros, foram temas que trouxeram grandes esclarecimentos a todos.



Estamos vigilantes em todo momento para que a doença seja mantida sobre controle. As ações cotidianas continuam sendo desenvolvidas e contamos com o engajamento da população para que ela faça a sua parte e siga como nossa parceira no enfrentamento do problema, que é de saúde pública.

Parabenizo a iniciativa e todos que participaram onde ficou evidenciada a preocupação em aproximar gestão e agentes proporcionando maior rapidez em solucionar ou minimizar, situações de risco à saúde do individuo e ambiente.  


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Cientista pernambucana ganha prêmio por sistema de processamento de imagens de combate à dengue

A  doutoranda em engenharia elétrica Marilú Gomes vence Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia. Foto: Thatiana Pimentel/DP/D.A Press

A doutoranda em engenharia elétrica da Universidade Federal de Pernambuco Marilú Gomes foi uma das vencedoras do Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS 2013. A cientista ficou com o primeiro lugar na categoria melhor trabalho publicado por conta do o artigo científico sobre o “Sistema de aquisição e processamento de ovitrampas para o combate a dengue”, publicado em 2012 na Revista Brasileira de Engenharia Biomédica. O anúncio foi feito no último dia 3 de dezembro.


O sistema desenvolvido por Marilú, ainda durante o seu mestrado, tem a função de digitalizar e contabilizar ovos do mosquito da dengue, com o intuito de identificar as regiões que estão com maior foco do transmissor da doença. A ideia para a criação da ferramenta surgiu pela necessidade de agilizar o processo realizado pelos agentes de saúde de Secretaria de Saúde, através do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães.



A ferramenta é posta para funcionar após o recolhimento das armadilhas montadas para atrair o mosquito da dengue, onde eles depositam seus ovos para reprodução. “O sistema digitaliza a imagem da palheta colocada nos baldinhos pretos das armadilhas”, explica Marilú.



Com as palhetas cheias de ovos, o sistema pode efetuar a contagem de duas formas. “A primeira funciona para a validação da ferramenta. O sistema digitaliza e o usuário pode fazer a contagem através da imagem fornecida. É como uma forma de conferência para comprovar se a ferramenta realmente funciona”, diz Marilú.



A segunda forma de uso é automática, em que o próprio sistema localiza e conta os ovos depositadas nas palhetas, tendo realizado a digitalização da imagem anteriormente. “Desta forma, conseguimos uma contagem mais rápida e mais precisa. Antes, os agentes levavam uma hora para a realizar a contagem da palheta manualmente”, conta Marilú.



Além disso, após a identificação e contabilização dos ovos nas palhetas, as informações de onde aquelas armadilhas estavam instaladas são colocadas no Google Maps. “Quando as armadilhas são instaladas, os agentes estão equipados com GPS. Assim, o sistema é alimentados pelas informações sobre as localizações das palhetas”, diz. Com isso a ferramenta fornece um mapa com gráficos e estatística sobre as localidades afetadas pelos mosquitos da dengue.



Segundo a cientista, em Pernambuco, o sistema está sendo usado nos municípios do Recife, Santa Cruz do Capibaribe e Ipojuca. Para funcionar, a ferramenta precisa estar instalada em um computador com acesso à internet, para que as informações sejam processadas nos servidores da UFPE, além de aparelhos de GPS para os agentes de saúde poderem alimentar os dados sobre os locais.
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Telas com inseticida contra a dengue serão instaladas em casas de Goiânia

06 dezembro, 2013

Para combater o mosquito da dengue, a prefeitura de Goiânia colocará telas de proteção com  inseticida em portas e janelas de prédios e residências. A experiência foi trazida do  México por causa do risco de epidemia na capital goiana.

Goiânia receberá 12 mil telas, que serão instaladas de graça nos imóveis. Para isso, basta uma  autorização do morador. O projeto-piloto foi apresentado na quinta-feira (6) pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e vai receber 3,5 milhões do governo federal. No México, o sistema reduziu em 30% os casos de dengue. 
A tela é impregnada pelo veneno piretróide, um inseticida comum que afasta ou mata o mosquito Aedes aegypt, transmissor da doença. Segundo o secretário municipal de Saúde, Fenando Machado, o produto não oferece risco à saúde dos moradores da casa.
"Já foram feitos diversos estudos em janelas e portas para impedir que o mosquito entre na casa das pessoas", explica o secretário.
Machado diz que, a princípio, trata-se de um projeto-piloto que terá como alvo os imóveis das regiões noroeste e sudoeste, as mais afetadas da capital. Em bairros como o Residencial Itaipu, a incidência passa de 1,5%, maior que o nível máximo de alerta para risco de epidemia estipulado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 1%.
Mas ele afirma que, dando resultados positivos, o projeto será estendido a todas regiões da capital. Além das casas, as redes de proteção serão instaladas em prédios públicos, como escolas e centros de saúde.

"A gente agora vai fazer um catálogo dessas residências e pegar um termo de adesão dos moradores. A partir do mês de março essas telas já estarão nas casas das pessoas", diz o secretário.
Do G1 GO,
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Em Pernambuco, repete-se o desrespeito ao direito à moradia, responsáveis pelas ações são Eduardo Campos e Geraldo Júlio.

04 dezembro, 2013

Na última sexta-feira, estive em Pernambuco a convite do Comitê Popular da Copa local, para visitar comunidades ameaçadas de remoção, especialmente por conta de obras relacionadas à Copa do Mundo. Na ocasião, visitei a comunidade do Coque, no Recife, e o loteamento São Francisco, em Camaragibe, durante todo o período da tarde.
No Coque, centenas de famílias estão ameaçadas de remoção por conta de distintas obras que estão sendo levadas a cabo pelo Governo do Estado: entre a limpeza de um canal, velha reivindicação dos próprios moradores, e a construção de um terminal de ônibus, vários são os projetos que incidem sobre o direito à moradia daquela que é uma das comunidades mais bem localizadas na cidade. Há décadas o local onde está o Coque foi definido como ZEIS, uma Zona Especial de Interesse Social, que reconhece o direito de as pessoas permanecerem ali e determina que um projeto de urbanização – o PREZEIS – viabilize a urbanização e regularização da área.
Infelizmente não é nada disso que está acontecendo. Ao invés de beneficiar a comunidade, garantindo sua permanência em condições melhores, como determina a lei, os projetos veem nos moradores um empecilho a ser removido do meio do caminho, sem a mínima preocupação com seu destino, nem respeito a seus direitos.
O que eu vi em Pernambuco só confirma que a falta de transparência e de espaços de participação da população na definição dos projetos é uma regra, bem como as baixas compensações financeiras e a total ausência de alternativas habitacionais oferecidas para os atingidos.
Conversei com uma moradora do Coque a quem foi oferecida uma indenização de R$ 5.600,00 por sua casa. Obviamente, ela não tem como viabilizar uma nova moradia com essa quantia. Além disso, ela hoje vive da atividade comercial que realiza na própria comunidade. Também visitei uma senhora de 85 anos que, depois de uma indenização de R$ 4.000,00 está vivendo – pasmem – em um novo barraco, mais precário que o anterior, em cima do canal.
No loteamento São Francisco, em Camaragibe, foram muitos os relatos que ouvi de moradores idosos com problemas de saúde decorrentes da total insegurança em que vêm vivendo desde que foram comunicados da remoção. São casos de depressão, de AVC, de hipertensão, entre outros.
Aliás, soube que nesta segunda-feira oficiais de justiça estiveram na comunidade para pressionar a saída dos moradores, com ameaças de que haverá uso de força policial caso as pessoas não saiam em 24 horas. Ou seja, a ordem é pra sair, sem compensações financeiras que garantam previamente o acesso a uma nova moradia, muito menos uma alternativa de reassentamento.
No período da manhã, aproveitei a oportunidade para me reunir com a prefeitura do Recife e com o Governo do Estado de Pernambuco. Ambos garantem que estão seguindo a legislação, mas que não pagam compensações melhores porque a Procuradoria do Estado e o Tribunal de Contas não permitem… Será que as procuradorias ignoram o marco internacional do direito à moradia adequada? Será que os tribunais de contas não conhecem a legislação brasileira (que reconheceu o direito de posse desde a Constituição), nem a legislação internacional dos direitos humanos?
À noite, um debate sobre megaeventos esportivos e direito à moradia que estava marcado para acontecer na Câmara Municipal foi inexplicavelmente cancelado pelo presidente da casa. No fim das contas, os organizadores conseguiram transferi-lo para a Faculdade de Direito do Recife e assim o debate pôde ser realizado, com a presença de diversas organizações da sociedade civil e de moradores de comunidades afetadas.
Publicado em 
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Dengue põe a Copa do Mundo no Brasil na marca do pênalti

02 dezembro, 2013

Epidemiologista dos Estados Unidos sugere, na revista Nature, que o Brasil alerte os estrangeiros que virão ao Mundial sobre os perigos da doença tropical. Segundo o governo, os visitantes não correrão risco. No período do torneio, a taxa de infecção é menor











Com a definição, na próxima sexta-feira, das seleções que integrarão cada grupo do Mundial de 2014, torcedores de todas as partes do globo começarão a organizar a visita ao Brasil, que deverá receber 600 mil turistas estrangeiros entre junho e julho. Nesse período, os casos de dengue diminuem significativamente em relação ao verão, mas um artigo publicado na revista Nature sugere que, além do calendário dos jogos, os viajantes internacionais devem ter, na ponta da língua, informações sobre a doença. O Ministério da Saúde garante, contudo, que não há motivo de preocupação.

Especialista em epidemiologia de doenças tropicais da Universidade de Oxford, o zootecnólogo Simon Hay defende que a Fifa, o governo brasileiro e os patrocinadores da Copa precisam alertar os turistas sobre a circulação, no Brasil, do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. “Assim como o tempo, é impossível prever a situação precisa em relação à dengue no Brasil em 2014. Nós podemos, contudo, informar os visitantes com base na média de dados dos anos anteriores”, alega Hay.

Números do Ministério da Saúde mostram que o pico de infecções ocorre do fim do verão ao início de junho, quando as notificações de casos começam a baixar. Mas eles não desaparecem. De acordo com o Levantamento Rápido do Índice por Aedes aegypti (LIRAa), divulgado há duas semanas, até 8 de novembro, 525 municípios abrangidos pela sondagem estavam em situação de alerta e 157, em risco. Outros 633 foram considerados satisfatórios. Seis capitais não apresentaram os dados para o ministério: Florianópolis, Belém, Maceió, Recife, Natal e São Paulo, sendo que as três últimas sediarão o Mundial. Das demais cidades que receberão jogos, Manaus, Rio de Janeiro e Salvador encontram-se, hoje, em situação de alerta.

“Nas áreas ao redor de nove dos estádios da Copa do Mundo, os registros mostram que a principal temporada de dengue já terá passado antes do campeonato. Infelizmente, o risco continua alto durante esses meses no Nordeste”, ressalta Simon Hay. O cientista inglês recomenda ainda que “as autoridades brasileiras devem implementar um controle de vetor agressivo em abril e maio, particularmente perto dos estádios do norte, para diminuir o número de mosquitos transmissores da dengue”, citando o fumacê como uma estratégia de combate.

O Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, afirma que as alegações do zootecnólogo não procedem. “Acho que esse pesquisador desconhece que o Brasil tem um programa permanente de controle da dengue”, afirma. Com objetivo de reduzir a infestação pelo Aedes aegypti, a incidência da dengue e a letalidade por febre hemorrágica, o Programa Nacional de Controle da Dengue foi instituído em 2002. Além disso, Barbosa afirma que, nos meses da Copa, as cidades nordestinas não apresentam risco maior, ao contrário do que disse Simon Hay. Considera-se situação de risco um município que registra mais de 300 casos em cada 100 mil habitantes. Entre junho e julho, a média de Fortaleza é de 10 por 100 mil; a de Salvador é 5,6 e a de Natal, 23,5.

Jarbas Barbosa lembra que, neste ano, foram feitas campanhas informativas sobre a saúde do viajante, incluindo dicas sobre a dengue, por ocasião da Copa das Confederações e da visita do papa durante a Jornada Mundial da Juventude. De acordo com ele, a partir de janeiro, a iniciativa será retomada com cartazes e panfletos em aeroportos e hotéis, além da divulgação do site Portal do Viajante, que tem versões em português, inglês e espanhol. “Vamos divulgar informações importantes, como a necessidade de vacina contra a febre amarela e a influenza, cuidados com a malária, com a água, com a comida de rua etc.”, diz Barbosa.

"Não quero dissuadir ninguém de ir à Copa do Mundo nem discriminar o Brasil, que é apenas mais um dos mais de 100 países ao redor do mundo na batalha contra a dengue. Minha intenção é informar espectadores desavisados sobre os riscos e como eles podem se proteger” - Simon Hay, especialista em epidemiologia de doenças tropicais da Universidade de Oxford

"Acho que esse pesquisador desconhece que o Brasil tem um programa permanente de controle da dengue (…) Vamos divulgar informações importantes, como a necessidade de vacina contra a febre amarela e a influenza, cuidados com a malária, com a água, com a comida de rua etc." - Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde


Mão dupla
“Não quero dissuadir ninguém de ir à Copa do Mundo nem discriminar o Brasil, que é apenas mais um dos mais de 100 países ao redor do mundo na batalha contra a dengue”, afirma Simon Hay, autor do artigo publicado na Nature. “Minha intenção é informar espectadores desavisados sobre os riscos e como eles podem se proteger”, alega o zootecnólogo.

A médica Isabella Ballalai, presidente da regional do Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), lembra que, embora seja importante alertar os estrangeiros sobre riscos em viagens ao Brasil, também é preciso que os visitantes internacionais tomem medidas antes de embarcar para não trazerem doenças. De acordo com ela, os casos de sarampo registrados no país, por exemplo, devem-se principalmente à entrada no Brasil de pessoas infectadas na nação de origem. Da mesma forma, como os brasileiros viajam cada vez mais para o exterior, Ballalai explica que é preciso tomar cuidados para que, na volta, não se carreguem na bagagem vírus contraídos em outros países.

Nesta quarta-feira, a SBIm lançou um guia bilíngue e gratuito com orientações de saúde para os viajantes. Isabella Ballalai explica que a Copa do Mundo foi um dos eventos que inspiraram a confecção do livro. A médica alerta que, das doenças infecciosas, os turistas precisam tomar cuidado com hepatites, malária (no caso de ecoturismo na Região Norte) e doenças sexualmente transmissíveis.

“Não que haja maior risco no Brasil”, explica, em relação às DSTs. “Mas toda viagem, independentemente do destino, é de risco: pesquisas mostram que 60% dos turistas que não têm intenção de fazer sexo acabam fazendo”, explica. Dentro e fora do país, contudo, o mal que mais afeta turistas é a diarreia. “O viajante se expõe mais, se cuida menos, come na rua, em barracas. Essa é a causa mais comum de doença nos turistas.” 

Problema mundial

Uma pesquisa publicada em abril, também na Nature, indica que os cuidados redobrados com a dengue devem ser uma preocupação constante em todo o mundo. A partir de dados sobre a doença divulgados por vários países afetados por ela, um grupo internacional de pesquisadores criou um modelo computacional para estimar o número de pessoas infectadas. Os resultados indicaram que o número de vítimas é mais de três vezes maior do que o estimado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

De acordo com a pesquisa, por ano, 96 milhões de pessoas apresentam sintomas claros da dengue e 300 milhões podem pegar a doença mesmo sem ter o diagnóstico confirmado por médicos. A soma das estimativas, 396 milhões, é bem maior que os 100 milhões calculados pela OMS. O levantamento indicou ainda que a Ásia abriga a maior parte dos atingidos pela dengue — cerca de 70% dos casos. Em seguida, com 14%, vem o continente americano, principalmente no México e no Brasil.
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Verão reforça preocupação com a dengue

Atividades rotineiras de prevenção aos focos incluem visitas a 140 armadilhas e 147 pontos estratégicos



Com a chegada dos meses mais quentes do ano, as pessoas precisam redobrar a atenção para evitar possíveis focos de dengue nos locais onde moram. Em Santa Cruz, a Secretaria Municipal da Saúde, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde e do Setor de Combate à Dengue, atua durante todo ano para manter o mosquito transmissor longe do município. Segundo o supervisor de combate à dengue, Leonardo Rodrigues, são dez agente de campo envolvidos no trabalho.

“Nosso clima tropical, com chuvas abundantes alternando com muito sol, torna-se um ambiente propício para acúmulo de água e, consequentemente, para proliferação de ovos e larvas do mosquito”, explica. As atividades rotineiras de prevenção aos focos incluem visitas semanais a 140 armadilhas e quinzenais a 147 pontos estratégicos, além de verificação de denúncias recebidas, palestras educacionais em empresas e escolas e distribuição de materiais educativos à população.

A vigília constante dos órgãos de saúde do município é reforçada com o apoio de demais entidades. “Firmamos parceria com outras secretarias, Bombeiros, Exército e Defesa Civil para que em caso de focos do mosquito possamos agir o mais breve possível.” Atualmente está sendo articulada uma ação em todos os bairros da cidade, com vistas ao recolhimento de objetos que possam acumular água. “A comunidade será avisada com antecedência, pois estamos trabalhando nos últimos detalhes da operação”, destaca.
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Risco de dengue: a culpa é dos governos municipais

Levantamento feito pelo site de VEJA revela que cidades com maior probabilidade de epidemia têm problemas de abastecimento de água e na coleta de lixo. Estudo mostrou que 73,9% dos focos do mosquito transmissor estão exatamente em depósitos de águas e no lixo.







                                             Funcionário da vigilância sanitária em mutirão
                                                            em Dourados(MS)


A temporada de chuvas traz, além dos riscos de deslizamento e inundações em parte do Brasil, a preocupação com novos surtos e epidemias de dengue. Sim, ainda existem, em 2013, locais em que uma infestação de mosquito – o Aedes aegypti – pode matar ou tirar pessoas de sua rotina por algumas semanas. As campanhas de esclarecimento batem sempre na tecla dos “vasinhos de planta”, dos “pratinhos”, “pneus” e recipientes destapados, uma missão que os governos entregam aos moradores. São mensagens necessárias. Afinal, o mosquito da dengue é também doméstico, abriga-se em cantos e só nasce depois que os ovos entram em contato com a água. O que as campanhas não afirmam, mas está expresso nos números, é que os governos não fazem sua parte.
Para avaliar o risco de surtos e epidemias de dengue nas regiões, agentes vistoriam municípios para quantificar o número de imóveis com focos do Aedes e os locais em que eles estão dispostos. A reunião das análises compõe o Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa). Segundo o ministério, quando são encontrados focos em menos de 1% das residências, a infestação é considerada satisfatória. Ou seja, não traz riscos iminentes. Índices entre 1 e 3,9% indicam situação de alerta. Já porcentuais de presença de focos do inseto em mais de 4% dos imóveis vistoriados indicam risco de surto de dengue. 
O último LIRAa, que reuniu resultados de vistorias realizadas em 1.315 cidades entre 1º de outubro e 8 de novembro, mostrou que 73,9% dos focos de Aedes estão localizados em depósitos de águas, como caixas de água, tonéis e galões (37,5%) e no lixo (36,4%). Ou seja, a cada 1.000 focos de dengue encontrados durante as vistorias realizadas no país, 739 existem por deficiências no abastecimento - que obriga moradores a improvisar - ou na coleta de lixo. São competências dos governos municipais, que segundo o artigo 30 da Constituição são os responsáveis por “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse social”, como o fornecimento de água encanada e a coleta de lixo.
Dos 157 municípios do país em situação de risco para dengue - com LIRAa maior do que 4 - apenas oito têm cobertura de fornecimento de água encanada e de coleta de lixo superior a 90%. Outras sete cidades têm a cobertura de um dos dois serviços superior a 90%. Os dados foram obtidos pelo site de VEJA, que comparou a lista dos 157 municípios com maior risco de dengue com os dados sobre fornecimento de água e coleta de lixo do censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, só 5% das cidades com maior risco de surtos e epidemias de dengue têm níveis satisfatórios (acima de 90%) de serviços de abastecimento e coleta de lixo. 
O cruzamento de dados revela alguns casos extremos, onde a dengue é praticamente uma tragédia à espera das primeiras chuvas para fazer vítimas. Em Vertente do Lério, no agreste pernambucano, o levantamento indicou índice de 17,4% – ou seja, em cada 100 casas vistoriadas, 17 tinham pelo menos um foco de Aedes. No município, só 2% dos imóveis têm água encanada e apenas 41% têm coleta de lixo regular, segundo o Censo 2010. Em Canapi, município no semiárido alagoano, 26,4% dos imóveis têm abastecimento de água e 34%, coleta de lixo. A cidade, uma das que classificadas como em risco para dengue, foi verificado LIRAa de 5,5 - acima da faixa considerada de maior risco para a população..
As campanhas que convocam os cidadãos a lutar contra a dengue devem continuar. Mas definitivamente não será esta a única saída, pois a tática de deixar a cargo da população simplesmente não é eficaz: em dez anos, 3.547 pessoas morreram no país devido à dengue. Entre janeiro e outubro deste ano foram 573 óbitos – um aumento de 96% em relação ao mesmo período do ano passado.
“As pessoas só armazenam água em depósitos, como caixas de água, porque o fornecimento  não existe ou não é contínuo. Certamente, se elas não precisassem guardar água e se a coleta do lixo fosse feita de forma adequada, a incidência do Aedes aegypti e da dengue seriam fortemente reduzidas”, afirma o médico Edmilson Migowski, doutor em infectologia e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “É preciso se discutir a causa do problema, não só as consequências, como a sobrecarga dos serviços de saúde e as mortes”.
“Uma boa política de combate à dengue tem que estar vinculada à coleta de lixo e fornecimento de água eficientes. Quando maior a cobertura desses dois serviços, menor o risco de epidemias de dengue”, afirma o professor titular de Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, especialista em dengue. “Em regiões em que a oferta é menor do que 90%, a responsabilidade pelas epidemias é do governo”.
Especialista em dengue, Medronho publicou, em 2009, o artigo Análise Espacial da Dengue e o Contexto Socioeconômico no Município do Rio de Janeiro, editado no The American Journal of Tropical Medicine and  Hygiene.  O trabalho, realizado a partir da análise de dados de uma pesquisa realizada na Baixada Fluminense, concluiu que “problemas relacionados ao saneamento básico contribuem decisivamente para o aumento do risco da doença”.
Nordeste - Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que nas regiões em que há mais problemas de abastecimento, como no Nordeste e no Norte do país, o percentual de focos do Aedes encontrados em depósitos de água foi de 75,9% e 37,5%. No Sul e no Centro-Oeste, os criadouros predominam no lixo, com taxas de 81% e 49,7%, respectivamente.
“Os políticos no Brasil, infelizmente, pensam a curto prazo e o impacto do saneamento ultrapassa o mandato. Isso é perverso porque ao invés de investir em saneamento, que reduziria de forma muito importante não só a incidência da dengue, mas de outras doenças, os gestores preferem fazer o trabalho paliativo, que aparece mais”, afirma Medronho.
Procurado pelo site da VEJA, o Ministério da Saúde não indicou um representante para comentar os dados. Até o início da noite de sexta-feira, o órgão também não respondeu os questionamentos solicitados pela reportagem. Uma das perguntas que ficou sem resposta foi o critério para os repasses destinados aos estados e municípios. Além de questões relacionadas à fiscalização da aplicação de verba destinada ao controle da doença. Este ano, estados e municípios receberam 363 milhões de recursos adicionais destinados às ações de vigilância, prevenção e controle da dengue, valor 110% maior do que o disponibilizado em 2012. 
Fonte:Veja/2013
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Dobra número de municípios com risco de epidemia de dengue no Brasil

20 novembro, 2013

O número de cidades brasileiras com risco de epidemia de dengue para este verão dobrou em relação a 2012. Fortaleza é uma das 254 em situação de alerta. Levantamento Rápido do Índice para Aedes aegypti (LIRAa), divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, em Brasília, mostra que dos 1.315 municípios analisados, 157 apresentam um alto índice de criadouros de mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. Em 2012, foram 77 localidades, dentro de um universo de 1.239 cidades analisadas.


                   O levantamento, realizado em outubro e neste mês, adverte ainda que 525 localidades foram consideradas em nível de alerta para a doença. Os números poderão mudar, pois há capitais estaduais que faltam apresentar os dados, como Belém, Maceió, Recife, Natal, São Paulo e Florianópolis. “O sistema pode estar mais sensível que no ano passado. Mas temos de nos preparar para o cenário pior do que em 2013”, avisou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.

O Nordeste é a região que apresenta maior número de cidades em situação de risco para a dengue neste verão. Das 539 localidades analisadas, 125 têm um alto índice de infestação do mosquito. Outras 254 cidades foram consideradas em situação de alerta. Além de Fortaleza, estão incluídas Salvador, São Luís e Aracaju. Na região, contudo, o Ceará é o Estado com menor número de municípios em situação de risco: três.

Este ano foi um dos piores em número de casos de dengue. Entre janeiro e novembro, foram contabilizados 1,476 milhão de ocorrências da doença. Um número bem superior ao apresentado durante a epidemia de 2010, somando 955.087, e quase três vezes maior do que o registrado em 2012, quando foram confirmadas 545.163 infecções. O aumento de 2013 foi atribuído às eleições municipais de 2012, período de transição de administração, e, sobretudo, à maior circulação do tipo 4 do vírus da doença.

As atividades de prevenção, afirmou, devem ser iniciadas o mais rapidamente possível pelas prefeituras. O ministério repassará R$ 363,4 milhões para intensificar essas atividades. Na região Centro-Oeste, 11 cidades estão sob risco, incluindo Cuiabá. Goiânia e Campo Grande são consideradas em situação de alerta, além de outros 109 municípios da região. Na região Norte, 171 localidades estão sob risco, incluindo Porto Velho e Rio Branco. Boa Vista, Manaus, Palmas e outras 55 cidades em situação de alerta. No Sudeste, o único município considerado de risco é Governador Valadares (MG). Rio e Vitória estão em alerta, além de outras 84 cidades. (com agências de notícias)
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Mapa da dengue aponta 157 municípios em situação de risco e 525 em alerta

Novo mapa da dengue revela que 157 municípios brasileiros estão em situação de risco para a doença, outros 525 em alerta e 633 cidades com índice satisfatório. Os dados são do Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa), apresentado nesta terça-feira (19) pelo ministro da Saúde Alexandre Padilha e pelo secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.

O levantamento, elaborado pelo Ministério da Saúde em conjunto com estados e municípios, foi realizado entre 1º outubro e 08 de novembro deste ano em 1.315 cidades e tem como objetivo identificar onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito transmissor da doença.

Para intensificar as ações de vigilância, prevenção e controle da dengue, o Ministério da Saúde está dobrando o volume de recursos adicionais que serão repassados a todos os estados e municípios brasileiros. Portaria autorizando o repasse de R$ 363,4 milhões foi assinada hoje pelo ministro Alexandre Padilha. Os recursos são para incrementar os investimentos realizados nas ações de vigilância em saúde, que somam R$ 1,2 bilhão.

Este montante adicional significa um acréscimo 110% em relação ao que foi transferido em 2012 e contempla todos os municípios do país. No ano passado, foram transferidos R$ 173,3 milhões. Em contrapartida, os municípios precisam cumprir metas como assegurar a quantidade adequada de agentes de controle de endemias, garantir a cobertura das visitas domiciliares pelos agentes e realizar o LIRAa.

“Hoje estamos começando o campeonato contra a dengue. O Ministério da Saúde tem feito o esforço de não esperar começar os casos e as transmissões de dengue - que ocorrem de janeiro a maio - para mobilizar o conjunto dos prefeitos e secretários municipais, além da sociedade civil”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a apresentação do LIRAa e lançamento da campanha nacional.

O ministro chamou a atenção para a redução dos óbitos em comparação com anos anteriores, que apresentaram, inclusive, números inferiores de notificações. Ele lembrou que esta queda é resultado do esforço do Ministério da Saúde e dos gestores locais em reforçar a assistência ao paciente com dengue. “Ainda não estamos satisfeitos. Queremos reduzir mais a mortalidade por dengue, principalmente dos grupos mais vulneráveis como idosos e pessoas com doenças associadas”, observou Padilha.

LEVANTAMENTO  - Nos municípios classificados em situação de risco, mais de 4% dos imóveis pesquisados apresentaram larvas do mosquito. É considerado estado de alerta quando os imóveis pesquisados apresentam índice entre 1% a 3,9% e satisfatório quando fica abaixo de 1%.

O levantamento também revelou que três capitais estão em situação de risco: Cuiabá, Rio Branco e Porto Velho. Outras 11 – Boa Vista, Manaus, Palmas, Salvador, Fortaleza, São Luís, Aracaju, Goiânia, Campo Grande; Rio de Janeiro e Vitória -  apresentaram situação de alerta e seis estão com índices satisfatórios (Macapá; João Pessoa; Teresina; Belo Horizonte; Curitiba e Porto Alegre). Sete capitais - Belém, Maceió, Recife, Natal, São Paulo e Florianópolis - ainda não apresentaram ao Ministério da Saúde os resultados do LIRAa.

CRIADOUROS - Além de ajudar os gestores a identificar os bairros em que há mais focos de reprodução do mosquito, o LIRAa também aponta o perfil destes criadouros. Segundo o levantamento, 37,5% dos focos estão em formas de armazenamento de água, 36,4% em espaços em que o lixo não está sendo manejado adequadamente e 27,9% em depósitos domiciliares.

Esse panorama varia entre as regiões. Enquanto na região Sudeste, 47,9% dos focos estão dentro das residências, no Nordeste, o armazenamento de água é a principal fonte de preocupação, com índice de 75,9%. Já o Sul e o Centro-Oeste têm no armazenamento de lixo o principal desafio, com taxas de 81,2% e 49,7%, respectivamente.

O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, explicou que a pesquisa indica, antecipadamente, onde estão os principais focos, enquanto há tempo de agir. “Com base nos criadouros, o LIRAa orienta  que tipo de ação o gestor local deve adotar. O número de casos dá um panorama do passado, já o levantamento mostra onde pode ter maior incidência no próximo ano.”, observou o secretário. Segundo ele, as prefeituras que usarem o LIRAa como instrumento de intervenção,  podem reduzir os casos de dengue.  “Além de mostrar qual é o bairro com maior incidência, o mapa revela o depósito predominante”, explicou Jarbas Barbosa.

NOVA CAMPANHA- O jogador Cafu, capitão da seleção pentacampeã do mundo de futebol, está se unindo ao esforço do Ministério da Saúde no combate à dengue. Ele participa da campanha deste ano para alertar a população sobre a importância de eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypt. No lançamento da campanha nesta terça-feira, o jogador - que estava presente – falou da importância da campanha de conscientização.

“Com uma maneira simples, nós podemos mudar esta realidade. Como a própria campanha diz, bastam 15 minutos, o intervalo entre um jogo e outro, para que as pessoas realizem uma fiscalização em suas casas e vejam se não há focos do mosquito”, disse o jogador.

Com o slogan “Não dê tempo para a Dengue”, as peças serão veiculadas em TVs, rádio, internet, redes sociais e mídias impressa e exterior. O objetivo é mostrar que a prevenção leva pouco tempo, mas o suficiente para proteger familiares e vizinhos.

Além do reforço na orientação à população, o Ministério da Saúde adquiriu 100 toneladas de larvicida, 227 mil litros de adulticida e 10,4 mil kits diagnósticos, que estão sendo enviados aos municípios. Para os profissionais, estão sendo distribuídos guias de classificação de risco e tratamento, além de capacitações por meio da Universidade Aberta do SUS (UnaSUS).

REDUÇÃO DE ÓBITOS – O reforço na assistência básica ao paciente com dengue, que vem sendo ampliado ano a ano pelo Ministério da Saúde, resultou em redução gradativa dos casos graves e óbitos de dengue.

Em comparação com 2010, houve uma queda de 61% nos casos graves (de 16.758 para 6.566) e de 10% nos óbitos (de 638 para 573), mesmo com o crescimento no número de notificações da doença.

Com estes avanços, foi possível reduzir a taxa de letalidade da doença: a proporção de óbitos diminuiu quase pela metade, passando de sete mortes a cada 10 mil casos para quatro óbitos a cada 10 mil notificações.

Também houve diminuição da frequência da gravidade dos casos. Em 2010, de cada mil doentes, 17 chegavam a um quadro grave; em 2013, a parcela ficou em quatro casos graves para cada mil notificações.

Com isso, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), até agosto, o Brasil apresentou taxa de mortalidade de 0,03.

Em 2013, foram notificados 1,4 milhão de casos prováveis de dengue no país, em decorrência de uma maior circulação do subtipo tipo 4 do vírus causador da doença, que respondeu por 60% dos casos.

A região Sudeste, responsável por 63,4% dos casos com 936.500 registros, tem o maior número de casos, seguida pela região Centro-Oeste (271.773 casos; 18,4%), Nordeste (149.678 casos; 10,1%), Sul (70.299 casos; 4,8%) e Norte (48.667 casos; 3,3%).

CUIDADOS - Aos primeiros sintomas da dengue (febre, dor de cabeça, dores nas articulações e no fundo dos olhos), a recomendação do Ministério da Saúde é procurar o serviço de saúde mais próximo e não se automedicar. Quem usa remédio por conta própria pode mascarar sintomas e, com isso, dificultar o diagnóstico.

Para diminuir a proliferação do mosquito, é importante que a população verifique o adequado armazenamento de água, o acondicionamento do lixo e a eliminação de todos os recipientes sem uso  que possam acumular água e virar criadouros do mosquito.

Além disso, é essencial cobrar o mesmo cuidado do gestor local com os ambientes públicos, como o recolhimento regular de lixo nas vias, a limpeza de terrenos baldios, praças, cemitérios e borracharias.

ANEXO 1- Distribuição dos recursos adicionais por Estado

Além de receberem, juntos, R$ 1,2 bilhão para ações de vigilância, estados e municípios terão recursos adicionais específicos para enfrentamento à dengue:
 
UF
VALOR
RO
R$ 5.058.224,39
AC
R$ 2.564.316,26
AM
R$ 12.505.060,38
RR
R$ 1.910.571,72
PA
R$ 24.886.724,87
AP
R$ 2.484.962,19
TO
R$ 4.504.656,39
Norte
R$ 53.914.516,20
                     MA
R$ 20.442.741,66
PI
R$ 6.526.032,86
CE
R$ 17.767.013,99
RN
R$ 6.665.579,76
PB
R$ 7.882.619,57
PE
R$ 18.440.475,84
AL
R$ 6.539.571,99
SE
R$ 4.359.662,90
BA
R$ 29.319.733,52
Nordeste
R$ 117.943.432,09
MG
R$ 40.997.975,51
ES
R$ 7.442.917,50
RJ
R$ 32.254.455,50
SP
R$ 49.178.832,92
Sudeste
R$ 129.874.181,43
PR
R$ 12.529.630,73
SC
R$ 7.580.678,42
RS
R$ 12.761.347,74
Sul
R$ 32.871.656,89
MS
R$ 5.022.738,18
MT
R$ 7.888.773,63
GO
R$ 12.709.950,89
DF
R$ 3.153.571,77
Centro-Oeste
R$ 28.775.034,47
BRASIL
R$ 363.378.821,08
 

ANEXO 2- Balanço da dengue 2010 - 2013 
 
UF
Semana epidemiológica 1 a 42
Casos Notificados
Casos Graves
Óbitos
2010
2013
2010
2013
2010
2013
RO
18.670
9.365
351
28
18
3
AC
26.217
2.577
56
4
5
0
AM
4.921
16.858
238
96
6
9
RR
7.373
849
275
1
5
0
PA
11.346
8.682
357
37
17
10
AP
2.878
1.667
11
7
3
2
TO
8.449
8.669
50
17
4
4
Norte
79.854
48.667
1.338
190
58
28
MA
5.184
3.586
192
36
4
12
PI
6.615
4.664
115
19
7
1
CE
15.854
32.039
169
159
13
54
RN
6.302
16.035
238
102
7
8
PB
5.833
13.050
90
92
5
14
PE
33.177
8.650
1074
42
24
19
AL
45.449
8.935
450
16
21
4
SE
564
745
34
5
0
3
BA
41.803
61.974
974
125
33
21
Nordeste
160.781
149.678
3.336
596
114
136
MG
212.157
435.828
1.367
360
83
116
ES
22.835
66.874
1.468
1.686
13
23
RJ
26.800
212.933
2.437
1.207
41
48
SP
205.796
220.865
2.897
428
140
72
Sudeste
467.588
936.500
8.169
3.681
277
259
PR
36.645
69.444
184
224
13
24
SC
180
370
1
1
0
0
RS
3.633
485
52
1
0
0
Sul
40.458
70.299
237
226
13
24
MS
62.489
81.741
1792
695
42
34
MT
33.550
34.012
875
99
51
27
GO
95.527
140.399
997
1.063
78
58
DF
14.840
15.621
41
16
5
7
Centro-Oeste
206.406
271.773
3.705
1.873
176
126
BRASIL
955.087
1.476.917
16.785
6.566
638
573
 Por: Agência Saúde
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MARCADORES

. (1) 00 PARA ACS E ACE (1) 1.090 (1) Aedes aegypti e a sua piscina. (1) Alerta sobre a dengue. (14) Aline morreu de dengue. (1) Aos vereadores do Recife. (1) Arbovírus (1) Caramujos (1) carros abandonados na rua. (1) casos de denúncias (1) Chicungunha (1) Combate à dengue (196) Como eliminar... (12) concurso público (4) Conferência do Recife (2) Conjuntivite (1) convocação do sindicato (1) COVID-19 (3) dengue e a homoterapia (3) dengue e a medicina (3) Dengue e Chikungunya (8) Dengue e Chikungunya e Zika (3) Dengue e Ciência (5) dengue e covid-19 (1) dengue e leptospirose. (1) Dengue e o Sindicato (1) dengue e tecnologia (2) Dengue em estado de epidemia. (1) dengue em recém-nascido (1) Dengue no sertão (2) Denúncias (4) diario oficial (2) Dicas de segurança (1) Doenças infecciosas (1) Educação e Saúde. (1) Efetivação de asaces e acss (1) Epidemia de Dengue (5) epidemiológia (2) Estado de abandono (1) Estatuto do Servidor. (1) febre amarela (1) Focos em terrenos baldios. (1) Focos perigosos de Dengue. (1) Gripes (1) Larvicidas (3) Legislações (4) leis (1) Levantamento de Índice Rápido.(LIRAa) (1) mapeamento de ruas (1) maximizar no combate a Dengue. (2) meio ambiente (2) Microcefalia (3) Nomeação (1) Novos Vírus (1) Oswaldo Cruz (1) Outras Endemias (12) Outras endemias. (1) PAGAMENTO DOS ACS E ACE. (1) piso nacional para agentes de saúde (1) PLANO DE CARGOS (1) Politica (10) Politica e Saúde. (70) PQA VS (1) Pragas Urbanas. (3) Prefeitura mantém a proposta de 4% (1) REPELENTE. (3) Resultado da DENGUE no estados (1) Risco de morte (1) Roedores (1) SALÁRIO (1) SALÁRIOS DE R$:1.090 (1) Saúde Pública (13) Servidores da PCR não aceitam 4% (1) Tecnologia no combate à Dengue. (8) UBV-Recife (1) Utilidade Pública (2) Vacinas (3) Vacinas. (1) Verdades e Mentiras (1) Vigilância Ambiental (4) Vigilância Sanitária (1) Viroses (3) Vírus Chapare (1)

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