
Segundo os pesquisadores, a espécie está ficando mais resistente e os cuidados precisam ser redobrados. “Na fase de ovo, muitas vezes a gente coloca o ovo fora, joga a água e deixa escorrer pelo esgoto. Isso aí não vai fazer com que esse ovo seja eliminado. Vai ser eliminado apenas daquele ambiente, mas vai para outro e vai continuar o ciclo biológico”, comentou Cláudia Fontes, pesquisadora da Fiocruz. “Ele tem a capacidade de ficar preso nas bordas e, muitas vezes, é confundido com sujeira, com ciscos. Então a pessoa desavisada nem percebe a sua presença, lava o recipiente e torna a enchê-lo. Nesse momento de reencher, reidratar, esses ovos vão deixar as larvas sair e aí o recipiente vai estar novamente com o Aedes crescendo nele, até por doze meses”, completou a pesquisadora.
Toda essa capacidade de se adaptar e sobreviver a situações adversas fez do mosquito transmissor da dengue um ser vivo difícil de ser eliminado, pois sobrevive até em fossas. A pesquisadora Constância Ayres coordenou um estudo realizado em treze municípios pernambucanos, entre 2008 e 2011. O trabalho revelou que o mosquito não estava mais vulnerável à ação de diversos inseticidas, inclusive ao do tipo temephos, que era recomendado pela Organização Mundial de Saúde e usado no programa nacional de combate à dengue.
“O inseticida, em contato com o mosquito, tem um alvo. Normalmente são moléculas do sistema nervoso. Se você tem uma alteração, se essa molécula sofre uma mutação, muda de forma, o inseticida não consegue mais se ligar. Então, o inseto se torna resistente a esse produto. O uso descontrolado desses produtos leva a seleção dos genes envolvidos com a resistência. Então, o ideal é que você possa fazer uma rotação dos produtos”, informou Constância.
A pesquisadora também alerta que o uso de inseticidas para combater o Aedes aegypti deve ser feito apenas pelo governo e que à população cabe o trabalho de prevenir os focos do mosquito. "É papel do governo fazer esse controle, mas ela [população] tem um papel fundamental também, evitando a presença de focos de procriação do mosquito. Cada pessoa pode fazer isso na sua casa, no seu quintal, na sua escola, na sua rua, monitorando constantemente esses criadouros", concluiu Constância.
0 comentários:
Postar um comentário
Sua opinião é importante, porém a responsabilidade desta é totalmente sua podendo haver réplica quando se fizer necessário.Obrigado.