A Prefeitura de Janaúba, de 72,01 mil habitantes, no Norte de Minas, adotou uma combinação de medicamentos usados no tratamento dos sintomas iniciais da COVID-19, distribuídos gratuitamente. A municipalidade diz que os remédios são distribuídos de acordo com protocolo do Ministério da Saúde e anuncia que, com o uso do 'kit', conseguiu controlar o coronavírus e frear as mortes provocadas pela doença na cidade.
Janauba adota kit de medicamentos para combater a COVID-19 |
“Nesse local, os pacientes são triados pelo enfermeiro, notificados para síndrome gripal e passam por avaliação médica. Pacientes com história sugestiva de sintomas gripais são guiados pelo protocolo do Ministério da Saúde de tratamento da COVID-19 na atenção básica", informou a profissional.
"Na unidade, temos as medicações indicadas pelo protocolo do Ministério da Saúde: hidroxicloroquina, azitromicina, sulfato de zinco, dexametasona ou prednisona e sintomáticos, como paracetamol, dipirona, metoclopramida, soro fisiológico nasal. Dispomos também de tamiflu e amoxicilina com clavulanato para casos necessários. A vitamina D e a ivermectina são analisadas pelo médico para a indicação da prescrição e na dosagem apropriada", explicou.
"As medicações são prescritas para pacientes que têm sintomas gripais, salvo contraindicações, depois a realização de um ECG (ecocardiograma) na própria unidade para acompanhamento de intervalo cardíaco QT (medida da frequência dos batimentos do coração)", revelou a médica de Janaúba, lembrando que a prescrição dos medicamentos para o tratamento dos sintomas na COVID-19 é feita com o consentimento dos pacientes.
O prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes, comemora os resultados do 'kit' de medicamentos, e diz que o município conseguiu controlar o avanço da doença e interromper os óbitos.
Ele faz uma comparação entre a situação de Janaúba e o cenário de Montes Claros (413 mil habitantes), cidade-polo do Norte de Minas. "Em 24 de julho, Janaúba tinha 12 mortes (causadas por coronavírus) e Montes Claros tinha aproximadamente 20 (óbitos decorrentes da Covid-19). Janaúba, hoje, tem 16 mortos (devido à COVID-19) e Montes Claros, salvo maior juízo, passa de 160 mortes (provocas pela doença)”, afirma Isailson.
"Isso foi (devido às) ações que nós fizemos, incluindo a abertura de uma UBS exclusiva para o tratamento (da COVID-19), direcionando todos os pacientes que chegam lá e saem com um kit de medicamentos. Isso estancou a doença e os números estão aí", ressalta o chefe do executivo municipal.
"Aqui, nós abrimos a UBS exclusiva (para o tratamento da doença). Adotamos o protocolo, os medicamentos.... Azitromicina, hidroxicloroquina, zinco e outros. Acabou! Recuperamos (os pacientes). Não se fala praticamente (mais) em COVID (-19) aqui em Janaúba", comenta Isaildon Mendes.
Ele argumenta ainda que as mortes de pacientes com o coronavírus registrados no município, depois de 24 de julho 'foram de pessoas idosas e de outras com comorbidades'.
Reportagem do Estado de Minas publicada em 22 de junho, registra que, na ocasião, Janaúba havia se tornado a cidade do Norte de Minas com maior incidência da COVID-19 em termos proporcionais. O boletim da Secretaria de Saúde do Município daquela data apontava que o município já registrava 184 casos, então apenas quatro registros a menos do que os 188 pacientes registrados em Montes Claros, cidade-polo da região, cuja população é quase cincos vezes maior Janaúba.
Na ocasião, Janaúba somava três óbitos causados pelo coronavírus, enquanto em Montes Claros já havia a confirmação de três mortes decorrentes da doença respiratória.
De acordo com o ultimo boletim da Secretaria de Estado de Saúde, de quinta-feira (29), Janaúba tem confirmadas 16 mortes e 1.118 casos de COVID-19. Já Montes Claros tem 170 óbitos confirmados e 10.791 casos de coronavírus, diz o boletim da SES.
Sem comprovação científica
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI), Estêvão Urbano, reforça que a entidade não recomenda o uso dos medicamentos do 'kit' de Janaúba nos pacientes contaminados com a COVID-19, já que não existe comprovação científica da eficiência de tais drogas no tratamento do coronavírus, entre eles a hidroxicloroquina.
"A questão é a seguinte: tudo é empírico. Não tem nenhuma medicação que tenha se provado em qualquer estudo ser efetivo (o medicamento para o tratamento da COVID-19), a não ser a cloroquina em alguns estudos muito mal feitos - , que teve alguma vantagem na fase inicial. Por este fato, de ter alguma abertura na ciência, ela poderia ser usada sob estrito controle médico e idealmente sob protocolo de pesquisa, com termo de consentimento assinado pelo paciente, exatamente para haver as garantias de que ele assuma eventuais efeitos colaterais", diz o Estêvão.
Ele disse que só faz restrições à prescrição de corticoide, já que oferece muitos riscos aos pacientes. "O corticoide é absolutamente arriscado, perigosíssimo na primeira fase (da doença), e pode piorar o prognóstico. A pessoa pode ter uma carga viral maior e adoecer de forma muito mais grave", alerta o infectologista.
"Então, tirando o corticoide, desde que contando com o consentimento do paciente, lá no interior, se o médico quer, ele tem essa autorização do Conselho Federal de Medicina. Mas que dê por conta própria e risco. Agora, a Sociedade (Mineira de Infectologia) nunca vai recomendar nada que saia da ciência", disse Estêvâo Urbano.
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