Novo mapa da dengue revela que 157 municípios brasileiros estão em situação de risco para a doença, outros 525 em alerta e 633 cidades com índice satisfatório. Os dados são do Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa), apresentado nesta terça-feira (19) pelo ministro da Saúde Alexandre Padilha e pelo secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
O levantamento, elaborado pelo Ministério da Saúde em conjunto com estados e municípios, foi realizado entre 1º outubro e 08 de novembro deste ano em 1.315 cidades e tem como objetivo identificar onde estão concentrados os focos de reprodução do mosquito transmissor da doença.
Para intensificar as ações de vigilância, prevenção e controle da dengue, o Ministério da Saúde está dobrando o volume de recursos adicionais que serão repassados a todos os estados e municípios brasileiros. Portaria autorizando o repasse de R$ 363,4 milhões foi assinada hoje pelo ministro Alexandre Padilha. Os recursos são para incrementar os investimentos realizados nas ações de vigilância em saúde, que somam R$ 1,2 bilhão.
Este montante adicional significa um acréscimo 110% em relação ao que foi transferido em 2012 e contempla todos os municípios do país. No ano passado, foram transferidos R$ 173,3 milhões. Em contrapartida, os municípios precisam cumprir metas como assegurar a quantidade adequada de agentes de controle de endemias, garantir a cobertura das visitas domiciliares pelos agentes e realizar o LIRAa.
“Hoje estamos começando o campeonato contra a dengue. O Ministério da Saúde tem feito o esforço de não esperar começar os casos e as transmissões de dengue - que ocorrem de janeiro a maio - para mobilizar o conjunto dos prefeitos e secretários municipais, além da sociedade civil”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a apresentação do LIRAa e lançamento da campanha nacional.
O ministro chamou a atenção para a redução dos óbitos em comparação com anos anteriores, que apresentaram, inclusive, números inferiores de notificações. Ele lembrou que esta queda é resultado do esforço do Ministério da Saúde e dos gestores locais em reforçar a assistência ao paciente com dengue. “Ainda não estamos satisfeitos. Queremos reduzir mais a mortalidade por dengue, principalmente dos grupos mais vulneráveis como idosos e pessoas com doenças associadas”, observou Padilha.
LEVANTAMENTO - Nos municípios classificados em situação de risco, mais de 4% dos imóveis pesquisados apresentaram larvas do mosquito. É considerado estado de alerta quando os imóveis pesquisados apresentam índice entre 1% a 3,9% e satisfatório quando fica abaixo de 1%.
O levantamento também revelou que três capitais estão em situação de risco: Cuiabá, Rio Branco e Porto Velho. Outras 11 – Boa Vista, Manaus, Palmas, Salvador, Fortaleza, São Luís, Aracaju, Goiânia, Campo Grande; Rio de Janeiro e Vitória - apresentaram situação de alerta e seis estão com índices satisfatórios (Macapá; João Pessoa; Teresina; Belo Horizonte; Curitiba e Porto Alegre). Sete capitais - Belém, Maceió, Recife, Natal, São Paulo e Florianópolis - ainda não apresentaram ao Ministério da Saúde os resultados do LIRAa.
CRIADOUROS - Além de ajudar os gestores a identificar os bairros em que há mais focos de reprodução do mosquito, o LIRAa também aponta o perfil destes criadouros. Segundo o levantamento, 37,5% dos focos estão em formas de armazenamento de água, 36,4% em espaços em que o lixo não está sendo manejado adequadamente e 27,9% em depósitos domiciliares.
Esse panorama varia entre as regiões. Enquanto na região Sudeste, 47,9% dos focos estão dentro das residências, no Nordeste, o armazenamento de água é a principal fonte de preocupação, com índice de 75,9%. Já o Sul e o Centro-Oeste têm no armazenamento de lixo o principal desafio, com taxas de 81,2% e 49,7%, respectivamente.
O secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, explicou que a pesquisa indica, antecipadamente, onde estão os principais focos, enquanto há tempo de agir. “Com base nos criadouros, o LIRAa orienta que tipo de ação o gestor local deve adotar. O número de casos dá um panorama do passado, já o levantamento mostra onde pode ter maior incidência no próximo ano.”, observou o secretário. Segundo ele, as prefeituras que usarem o LIRAa como instrumento de intervenção, podem reduzir os casos de dengue. “Além de mostrar qual é o bairro com maior incidência, o mapa revela o depósito predominante”, explicou Jarbas Barbosa.
NOVA CAMPANHA- O jogador Cafu, capitão da seleção pentacampeã do mundo de futebol, está se unindo ao esforço do Ministério da Saúde no combate à dengue. Ele participa da campanha deste ano para alertar a população sobre a importância de eliminar os criadouros do mosquito Aedes aegypt. No lançamento da campanha nesta terça-feira, o jogador - que estava presente – falou da importância da campanha de conscientização.
“Com uma maneira simples, nós podemos mudar esta realidade. Como a própria campanha diz, bastam 15 minutos, o intervalo entre um jogo e outro, para que as pessoas realizem uma fiscalização em suas casas e vejam se não há focos do mosquito”, disse o jogador.
Com o slogan “Não dê tempo para a Dengue”, as peças serão veiculadas em TVs, rádio, internet, redes sociais e mídias impressa e exterior. O objetivo é mostrar que a prevenção leva pouco tempo, mas o suficiente para proteger familiares e vizinhos.
Além do reforço na orientação à população, o Ministério da Saúde adquiriu 100 toneladas de larvicida, 227 mil litros de adulticida e 10,4 mil kits diagnósticos, que estão sendo enviados aos municípios. Para os profissionais, estão sendo distribuídos guias de classificação de risco e tratamento, além de capacitações por meio da Universidade Aberta do SUS (UnaSUS).
REDUÇÃO DE ÓBITOS – O reforço na assistência básica ao paciente com dengue, que vem sendo ampliado ano a ano pelo Ministério da Saúde, resultou em redução gradativa dos casos graves e óbitos de dengue.
Em comparação com 2010, houve uma queda de 61% nos casos graves (de 16.758 para 6.566) e de 10% nos óbitos (de 638 para 573), mesmo com o crescimento no número de notificações da doença.
Com estes avanços, foi possível reduzir a taxa de letalidade da doença: a proporção de óbitos diminuiu quase pela metade, passando de sete mortes a cada 10 mil casos para quatro óbitos a cada 10 mil notificações.
Também houve diminuição da frequência da gravidade dos casos. Em 2010, de cada mil doentes, 17 chegavam a um quadro grave; em 2013, a parcela ficou em quatro casos graves para cada mil notificações.
Com isso, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), até agosto, o Brasil apresentou taxa de mortalidade de 0,03.
Em 2013, foram notificados 1,4 milhão de casos prováveis de dengue no país, em decorrência de uma maior circulação do subtipo tipo 4 do vírus causador da doença, que respondeu por 60% dos casos.
A região Sudeste, responsável por 63,4% dos casos com 936.500 registros, tem o maior número de casos, seguida pela região Centro-Oeste (271.773 casos; 18,4%), Nordeste (149.678 casos; 10,1%), Sul (70.299 casos; 4,8%) e Norte (48.667 casos; 3,3%).
CUIDADOS - Aos primeiros sintomas da dengue (febre, dor de cabeça, dores nas articulações e no fundo dos olhos), a recomendação do Ministério da Saúde é procurar o serviço de saúde mais próximo e não se automedicar. Quem usa remédio por conta própria pode mascarar sintomas e, com isso, dificultar o diagnóstico.
Para diminuir a proliferação do mosquito, é importante que a população verifique o adequado armazenamento de água, o acondicionamento do lixo e a eliminação de todos os recipientes sem uso que possam acumular água e virar criadouros do mosquito.
Além disso, é essencial cobrar o mesmo cuidado do gestor local com os ambientes públicos, como o recolhimento regular de lixo nas vias, a limpeza de terrenos baldios, praças, cemitérios e borracharias.
ANEXO 1- Distribuição dos recursos adicionais por Estado
Além de receberem, juntos, R$ 1,2 bilhão para ações de vigilância, estados e municípios terão recursos adicionais específicos para enfrentamento à dengue:
UF
|
VALOR
|
RO
|
R$ 5.058.224,39
|
AC
|
R$ 2.564.316,26
|
AM
|
R$ 12.505.060,38
|
RR
|
R$ 1.910.571,72
|
PA
|
R$ 24.886.724,87
|
AP
|
R$ 2.484.962,19
|
TO
|
R$ 4.504.656,39
|
Norte
|
R$ 53.914.516,20
|
MA
|
R$ 20.442.741,66
|
PI
|
R$ 6.526.032,86
|
CE
|
R$ 17.767.013,99
|
RN
|
R$ 6.665.579,76
|
PB
|
R$ 7.882.619,57
|
PE
|
R$ 18.440.475,84
|
AL
|
R$ 6.539.571,99
|
SE
|
R$ 4.359.662,90
|
BA
|
R$ 29.319.733,52
|
Nordeste
|
R$ 117.943.432,09
|
MG
|
R$ 40.997.975,51
|
ES
|
R$ 7.442.917,50
|
RJ
|
R$ 32.254.455,50
|
SP
|
R$ 49.178.832,92
|
Sudeste
|
R$ 129.874.181,43
|
PR
|
R$ 12.529.630,73
|
SC
|
R$ 7.580.678,42
|
RS
|
R$ 12.761.347,74
|
Sul
|
R$ 32.871.656,89
|
MS
|
R$ 5.022.738,18
|
MT
|
R$ 7.888.773,63
|
GO
|
R$ 12.709.950,89
|
DF
|
R$ 3.153.571,77
|
Centro-Oeste
|
R$ 28.775.034,47
|
BRASIL
|
R$ 363.378.821,08
|
ANEXO 2- Balanço da dengue 2010 - 2013
UF
|
Semana epidemiológica 1 a 42
|
Casos Notificados
|
Casos Graves
|
Óbitos
|
2010
|
2013
|
2010
|
2013
|
2010
|
2013
|
RO
|
18.670
|
9.365
|
351
|
28
|
18
|
3
|
AC
|
26.217
|
2.577
|
56
|
4
|
5
|
0
|
AM
|
4.921
|
16.858
|
238
|
96
|
6
|
9
|
RR
|
7.373
|
849
|
275
|
1
|
5
|
0
|
PA
|
11.346
|
8.682
|
357
|
37
|
17
|
10
|
AP
|
2.878
|
1.667
|
11
|
7
|
3
|
2
|
TO
|
8.449
|
8.669
|
50
|
17
|
4
|
4
|
Norte
|
79.854
|
48.667
|
1.338
|
190
|
58
|
28
|
MA
|
5.184
|
3.586
|
192
|
36
|
4
|
12
|
PI
|
6.615
|
4.664
|
115
|
19
|
7
|
1
|
CE
|
15.854
|
32.039
|
169
|
159
|
13
|
54
|
RN
|
6.302
|
16.035
|
238
|
102
|
7
|
8
|
PB
|
5.833
|
13.050
|
90
|
92
|
5
|
14
|
PE
|
33.177
|
8.650
|
1074
|
42
|
24
|
19
|
AL
|
45.449
|
8.935
|
450
|
16
|
21
|
4
|
SE
|
564
|
745
|
34
|
5
|
0
|
3
|
BA
|
41.803
|
61.974
|
974
|
125
|
33
|
21
|
Nordeste
|
160.781
|
149.678
|
3.336
|
596
|
114
|
136
|
MG
|
212.157
|
435.828
|
1.367
|
360
|
83
|
116
|
ES
|
22.835
|
66.874
|
1.468
|
1.686
|
13
|
23
|
RJ
|
26.800
|
212.933
|
2.437
|
1.207
|
41
|
48
|
SP
|
205.796
|
220.865
|
2.897
|
428
|
140
|
72
|
Sudeste
|
467.588
|
936.500
|
8.169
|
3.681
|
277
|
259
|
PR
|
36.645
|
69.444
|
184
|
224
|
13
|
24
|
SC
|
180
|
370
|
1
|
1
|
0
|
0
|
RS
|
3.633
|
485
|
52
|
1
|
0
|
0
|
Sul
|
40.458
|
70.299
|
237
|
226
|
13
|
24
|
MS
|
62.489
|
81.741
|
1792
|
695
|
42
|
34
|
MT
|
33.550
|
34.012
|
875
|
99
|
51
|
27
|
GO
|
95.527
|
140.399
|
997
|
1.063
|
78
|
58
|
DF
|
14.840
|
15.621
|
41
|
16
|
5
|
7
|
Centro-Oeste
|
206.406
|
271.773
|
3.705
|
1.873
|
176
|
126
|
BRASIL
|
955.087
|
1.476.917
|
16.785
|
6.566
|
638
|
573
|
Por: Agência Saúde