Em São Paulo, pesquisadores descobriram que o mosquito transmissor está mais resistente.
E que as larvas agora crescem em água salgada e até contaminada por produtos químicos.
Um pescador faz o que pode para se manter livre da dengue.
“Tem mosquito, mas ele não desova, porque é água é salgada, diz Rogério dos Santos, pescador.
Uma pesquisadora da Sucem - Superintendência de Controle de Endemias explica o que para muita gente é novidade. "A água da chuva vem e dilui o sal, e com um pouquinho de só sal ele consegue se criar”.
Durante um ano e dois meses, os pesquisadores percorreram casas, estabelecimentos comerciais, marinas e barcos parados nas praias de São Sebastião.
Eles confirmaram que o mosquito da dengue consegue depositar os ovos em água salobra, que é a água do mar misturada com água doce. Um litro de água do mar tem 33 gramas de sal. As larvas do mosquito foram encontradas em água com salinidade entre 9 e 14 gramas para um litro.
A pesquisa mostra que o mosquito da dengue se adaptou. Hoje ele não se reproduz apenas na água limpa e parada, se reproduz também em água com concentração de sal e resíduos químicos.
Um pneu encontrado na beira da praia tinha água misturada com óleo e dezenas de larvas do mosquito. "Nós encontramos larvas em resíduo de óleo, gasolina, cal, tinta", declara Marylene de Brito Arduino, pesquisadora da Sucen-SP.
O resultado do trabalho foi comunicado à prefeitura de São Sebastião, que no ano passado teve 1698 casos de dengue. A prefeitura intensificou o combate à doença nas marinas. Elas receberam armadilhas da dengue: recipientes com água que servem para constatar se tem mosquito na área.
Os barcos também são vistoriados uma vez por semana. A água acumulada nos porões, misturada com restos de combustível, pode ser um criadouro.
“Toda a água que fica no porão tem que ser esgotada, de forma que não fique nenhuma poça que o mosquito possa se proliferar”, explica Adriana Medina, gerente da marina.
“É uma larva que consegue uma adaptação aos recipientes produzidos pelo homem, então nós temos que ter muito mais atenção aos criadouros que estão dispostos no ambiente”, explica a pesquisadora.
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